quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

“Cadê o dente? Sumiu?”

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Tinha seus 14 anos de idade. Era paciente de uma faculdade de Odontologia no interior de São Paulo. Durante uma consulta, os alunos orientados pelo professor planejaram fazer uma coroa de porcelana no dente 36 (primeiro molar inferior esquerdo), que se apresentava parcialmente destruído. Como os alunos e a faculdade estavam prestes a entrar de férias, explicaram para o paciente que assim que voltassem, iriam continuar o tratamento e fazer a coroa de porcelana planejada. O paciente e a mãe, concordaram. Após uma restauração provisória, os alunos liberaram o paciente e agendaram a próxima consulta para a volta das férias.

Alguns dias depois, em casa, o garoto resolve comer um pedaço de pão duro e a restauração provisória se soltou. A mãe, correu com seu filho à faculdade e encontrou os portões fechados devido as férias. Então, se lembrou do posto de saúde do bairro. Lá foi atendido por uma dentista a qual fez uma nova restauração provisória e explicou que o material por ela utilizado era inferior e que ele deveria tomar cuidado ao mastigar. O garoto e a mãe não ouviram as instruções e foram embora.

No dia seguinte, depois de comer (dessa vez comeu algo mais duro, tipo… gelatina) percebeu que a restauração não estava mais lá. Reclamou com sua mãe que retornou ao postinho indignada. Pediu, ou melhor, ordenou a dentista que extraísse aquele dente. Mesmo com todas as explicações da dentista, que dizia que o dente não tinha indicação para extração, que poderia ser feito uma coroa de porcelana, enfatizando o que os alunos da faculdade já tinham dito. A mãe insistiu na extração.

Infelizmente a dentista não tomou o devido cuidado, fazendo uma declaração de responsabilidade para a mãe assinar. E quando a faculdade retornou suas atividades, o garoto apareceu acompanhado de sua mãe na consulta marcada. Os alunos prontos e ansiosos para iniciarem o plano de tratamento, levaram um susto : “Cadê o dente? Sumiu?” Constataram que o dente fora extraído. Chamaram imediatamente o professor que gritou, em alto e bom som : “Isto é CRIME!!!!!!!”. A mãe não conseguia ouvir outra coisa senão a palavra “CRIME”. Chegando em casa, contou ao marido, que contou para seu chefe no trabalho. A palavra “CRIME” ecoava, dentro de suas cabeças. E o chefe, mais que depressa, os orientou a contratar um advogado e processar a dentista.

Esta história é verídica. E foi citada por um professor perito do CFO.

 

6 comentários:

  1. A gente tem que se cercar de todos os cuidados pra não sermos acusados destes "crimes". Ótimo texto, Kellen! Serve de alerta para os colegas e também para muitos pais e mães!

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  2. moral da história: fique longe dos professores das faculdades de odonto!! hehehehehe.
    Um super beijo pra vc, amada.

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  3. Também gostei muito do texto! A desinformação sim, é um grande crime!
    Abraços!

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  4. A mãe EXIGE a extração e depois processa o CRIMINOSO... fiquei deprimida... porque:

    1. A mãe achou que estava em posição de EXIGIR o tipo de tratamento a ser executado. É aquela história... http://bit.ly/9KYU0b

    2. O dentista cedeu porque "quis ajudar"... sem se proteger de nenhuma forma.

    3. O professor deu à mãe do menino A IDEIA de processar o dentista, sem sequer conversar com ele pra saber o que aconteceu. Está julgado: CRIMINOSO.

    Triste. Ser dentista tá ficando complicado...

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  5. Hj conversando com a Tokus no consultório ela me contou desse post! Fiquei mto indignada mesmo!
    É incrível como 'nossa classe' está sendo prejudicada a cada dia... e o pior, pelos nossos próprios 'colegas' !!!
    Tristeza mesmo

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  6. Estou no curso de Odontologia em São Paulo, e meu professor de deontológia sempre no orienta sobre tais procedimentos, sem nos precaver!
    E triste saber que nossos colegas não tomem os devidos cuidados! Abraços Anderson

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